sábado, 8 de dezembro de 2012

QUILOMBO DE SANTA EUDÓXIA 1726-1888 - Resumo do Mural "Rainha do Quilombo e do Café

O QUILOBOLA - Na Senzala, construções escuras de janela pequena de pouca luz, havia instalação de requinte de punição infligida aos escravos. Faltava espaço, alimentação e higiene, mas não faltava corrente, ferro e chicote. Pois era o prêmio dado ao escravo que trabalhava e produzia para os senhores. À noite, ao silencio... Ouviam-se gritos da punição corporal de legiões de negros, da castração, do cheiro da carne queimada no tinir do ferro em brasa, e do estalar de açoite. Entre os escravos não havia dinheiro, nem para ganhar ou comprar, nem havia esperança tudo se resumia em trabalhar de manhã á noite. O maltrato era tamanho que muitos morriam com pouco mais de 30 anos. O homem civilizado...(?) dizia que o negro não possuía alma e os homicídios tinham o amparo da lei, da igreja ou contra ela. As confluências étnicas, culturais e religiosas dos escravos, demonstraram que o senhor do engenho e do café feriu a carne, mas não atingiu a alma. O negro escravo continuou hostil, mas organizou movimento de fuga fantástico, mudando a sua filosofia de vida de escravo para quilombola. Nome que surgia como uma vitória da raça negra, que cantava o hino de liberdade contra a história do cativeiro. Numa pratica constante: individual ou em grupo os escravos embrenhando-se na floresta, tratavam de unir-se para escapar da recaptura. E assim formavam grupamentos no meio da selva, verdadeiros aldeias que ficaram conhecidas como Quilombo. QUILOMBO DE SANTA EUDÓXIA (1726-1888) - Enquanto o estradão para Cuiabá era construído, na margem do rio Mugi Guaçu, mais de dois mil escravos foragidos, se escondiam no "Quilombo de Santa Eudóxia". Numa área de mais de 40 km, a concentração de escravos surgiu inicialmente beirando o córrego Dos Negros (antiga Estação Ferroviária Babilônia), descia, o rio Quilombo até a Barroquinha (fazenda Figueira Branca), no encontro com as águas do rio Mugi Guaçu. Ali bem pertinho da aldeia indígena do Itararé, os quilombolas construíram mocambos (cerca), grupamentos de choupanas rústicas, feita de pau-a-pique, cobertas de folhas de indaiá ou sapé. Cada mocambo tinha seu chefe, sua própria organização e disciplina. Com medo de voltarem para o mau trato do cativeiro, os escravos foragidos possuía um sistema de defesa que incluía posto de vigia no meio da mata, armadilhas e caminhos camuflados que interligavam todos os mocambos. Uma verdadeira fortaleza, onde ninguém arriscava a se aproximar. Não sabemos a data precisa de quando iniciou a formação do Quilombo de Santa Eudóxia, mas conta à história que o segundo maior quilombo de São Paulo, é o Quilombo do Mugi Guaçu, que possuía milhares de escravos foragidos. "Segundo Florestan Fernandes, no córrego dos Negros e rio Quilombo, assinala a presença de" As Mãos e os Pés "(Pe Antonil,) trata-se de um dos maiores núcleos de escravos homiziado existentes na historia do período colonial da região centro-sul do país". INDIOS, NEGROS E BRANCOS - Este povo Lundu, Ovibundum, Kongo e Imbagala viveu muito tempo no Quilombo do Mugi Guaçu (Sta. Eudóxia), chegando a possuir mais de dois mil habitantes entre os quais havia também alguns índios, mulatos e até branco foragido como Pedro José Neto, (futuro proprietário da Sesmaria do Quilombo). A economia do Quilombo prosperava a tal ponto de manter comercio com pequenos povoados da região. Em troca de pólvora, armas de fogos, tecidos e ferramentas, os quilombolas forneciam pescados, caça, produtos agrícolas e artesanatos. Construído pela expedição de Luiz Pedroso de Barros, o estradão para Cuiabá (1721-1726), facilitou o acesso de agregados, posseiros, invasores e negociantes o que fez a região ficar conhecida. Noticias filtrada do Quilombo, chegou aos ouvidos dos senhores do engenho, que resolveram promover a busca aos foragidos, organizando "entradas" (expedições que vasculhavam a floresta procurando os escravos). GUERRA NO QUILOMBO - Mesmo com tantos cuidados dos quilombolas, negociantes da vila de Porto Ferreira, localizaram o Quilombo de Santa Eudóxia. Com barco a vapor, canoas, armas de fogo e muitos homens, organizaram uma grande batalha, para destruir o quilombo de vez. Prensados entre as forças do inimigo e o rio Mogi Guaçu, os escravos foragidos resistem ao terrível combate. Depois de vários dias de lutas sangrentas, houve muitas mortes. Vários quilombolas foram aprisionados e levados de volta para o cativeiro, mas a maioria conseguiu fugir e se organizaram novamente, vivendo escondidos no Quilombo de Santa Eudóxia, até 1888, quando foi abolida esta odiosa discriminação racial. ESCRAVO PATA SECA (1827-1958) - A história do homem mais velho de São Carlos, começou na Vila de Sorocaba-SP, quando "Pata Seca", foi comprado por contrato em 1849, para servir o seu amo. Ele era o melhor reprodutor do grande latifúndio da Fazenda Santa Eudóxia, por ser, alto (2.18 mt) e forte foi escolhido pelo seu dono para fecundar as fêmeas. Alimentado curado e vestido, forneceu ao dono centenas de filhos, para serem usados como mão-de-obra farta e barata. Seus irmãos e filhos (mais de 200), não tiveram a mesma sorte, foram acorrentados e treinados para servir de força de trabalho. Assim era a vida de "Pata Seca", contada por moradores antigos, netos e bisneto do escravo. 540 ESCRAVOS - Conta o livro "História da Civilização" do Professor Alfredo Ellis Junior. Que em 1849, o Tenente Coronel, Francisco da Cunha Bueno, comprou na vila de Sorocaba, o escravo Pata Seca, que se juntou a mais seis escravos batizados com nome de animais e aves. Cunha Bueno que possuiu fazendas em varias cidades como: Sorocaba, Indaiatuba, Campinas, Americana, Limeira, Rio Claro e Itirapina em 1874 comprou 55 léguas de terras da Sesmaria do Quilombo, onde formou a maior fazenda de café das Américas (Fazenda Santa Eudóxia) possuindo milhões de cafeeiros cultivados através da mão de obra de 540 escravos. Em 1888, quando foi abolida a escravidão o escravo Pata Seca, foi registrado com o nome de Roque José Florêncio, recebendo do seu patrão um dote de vinte alqueires de terras, onde deu o nome de "Sitio Pata Seca". Por isso todo artesanato construído pela neta madalena Florêncio recebe o nome de "Escravo Pata Seca". DIGITAIS DA ESCRAVIDÃO - Relato preciso da vida escrava na região de Santa Eudóxia é contado através de antigos moradores e familiares do escravo Roque José Florêncio (Pata Seca), que através de informações colhida da certidão de óbito ele nasceu em 17 de Dezembro de 1827 e faleceu no dia 17 de Fevereiro e 1958. Informa dona Madalena Florêncio (neta do escravo), que Roque até o ano de 1957, era convidado pela prefeitura Municipal de São Carlos, para desfilar no aniversário da cidade, como o homem mais velho de São Carlos (131 anos). Assim como os índios Kaingang da Aldeia do Itararé, os escravos foragidos do Quilombo de Santa Eudóxia, deixaram profundas digitais na historia de Santa Eudóxia - São Carlos, emprestando a região os seguintes nomes: "Córrego Dos Negros"; "Rio Quilombo"; "Sesmaria do Quilombo"; "Vila São Sebastião do Quilombo"; "Santa Eudóxia do Quilombo" e o nome do nosso Mural "Rainha do Quilombo e do Café".

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